A Lenda do Queijo Minas: A Lágrima da Deusa das Pastagens
O Doce de Leite: A Alquimia da Saudade de Ibituruna


Premios
Somos campeões do maior concurso de quijos da América, ExpoQueijo 2014.
Padrões
Nossos queijos e doces de leite são feitos com muita dedição, amor, carinho e muita tradiçao!
Variações de estilo
O que é tradicional é sempre bom, mas aqui na Brava temos diversos estilos para agaradar a todod os gostos!
A Lenda do Queijo Minas: A Lágrima da Deusa das Pastagens
Há eras, quando a Serra da Mantiqueira ainda estava sendo esculpida pelo vento e pela chuva, existia uma deusa chamada Mantiqueira, a Protetora das Pastagens e dos Rebanhos. Ela vestia um manto verde-esmeralda salpicado de flores e tinha o poder de fazer o capim crescer viçoso e o gado ser forte e feliz.
Mantiqueira, no entanto, guardava uma tristeza secreta. Ela amava profundamente o sol, Ibituruna, que, embora a iluminasse e aquecesse suas terras, era obrigado a seguir seu curso no céu, partindo todos os fins de tarde e deixando a deusa na fria escuridão da noite.
Certa manhã, a dor da separação ficou insuportável. Mantiqueira sentou-se no pico mais alto da serra e chorou. Suas lágrimas não eram água comum; eram a essência concentrada da pureza de suas terras. Ao caírem sobre as pedras, elas se transformavam em riachos de leite fresco e puro.
Uma de suas lágrimas, a mais pesada e cristalina, rolou morro abaixo e caiu em um pequeno poço natural de pedra que continha um punhado de sal mineral esquecido ali por um antigo elemental da terra. A combinação da lágrima láctea da deusa com o sal da terra criou uma reação mágica.
No dia seguinte, um jovem pastor, Zeca, encontrou o poço. Em vez de água ou leite, ele viu uma massa branca, macia, com a textura de uma nuvem densa e um aroma suave de orvalho da manhã. Zeca hesitou, mas a deusa, invisível no vento, soprou-lhe uma coragem. Ele provou.
Aquele queijo era a calma da Mantiqueira, o conforto que ela buscava na natureza. Era suave, refrescante, e parecia conter o frescor das matas e o cheiro do capim recém-cortado. Zeca levou a descoberta para seu povo, e logo todos aprenderam a replicar a alquimia, coagulando o leite com um toque de sal, recriando assim a Lágrima de Mantiqueira— o que hoje chamamos de Queijo Minas Frescal, que deve ser consumido rapidamente, pois carrega a efemeridade da lágrima da deusa.
O Doce de Leite: A Alquimia da Saudade de Ibituruna
A história do Doce de Leite começa onde a do Queijo Minas termina.
Ibituruna, o deus-sol, que partia todos os dias, sentia a falta de sua amada Mantiqueira. Ele via a serra chorar à noite e desejava enviar-lhe um presente que a consolasse e que contivesse o calor e a permanência que ele não podia oferecer na escuridão.
Ibituruna, então, teve uma ideia divina: se a lágrima de Mantiqueira era o leite, ele transformaria o leite em algo que guardasse a energia do sol.
Ele instruiu o mais habilidoso dos Duendes da Cozinha, um ser diminuto e paciente chamado Tacho, a levar um imenso caldeirão (o Tacho de Cobre) para o ponto onde o último raio de sol beijava a terra ao anoitecer.
Tacho encheu o tacho com o leite das lágrimas de Mantiqueira e adicionou a ele a poeira de estrelas caramelizadas (o açúcar) que Ibituruna havia deixado cair do céu.
Durante toda a noite, Ibituruna manteve um fogo subterrâneo e secreto aquecendo o tacho, mas o ingrediente mais importante foi a Saudade Concentrada. Tacho, o duende, teve que mexer o conteúdo sem parar, da meia-noite ao amanhecer, usando uma pá de pau feita da raiz da paciência. A cada mexida, ele tinha que pensar na tristeza da separação de Mantiqueira e Ibituruna.
O calor do sol, a poeira das estrelas (açúcar), a pureza do leite e o incessante movimento da saudade transformaram o líquido branco em um creme espesso, brilhante e de cor âmbar-dourada.
Ao amanhecer, a mistura estava pronta. Era o Sabor do Abraço Adiado, um doce com o calor do sol aprisionado em sua cor e a doçura da promessa de um reencontro.
Quando Mantiqueira provou, sentiu o calor reconfortante de Ibituruna preenchendo o vazio da noite. Aquele doce, por ser cozido lentamente na saudade, tinha o poder de durar e aquecer o coração, ao contrário do queijo, que era fresco e fugaz. E assim nasceu o Doce de Leite, a prova de que a paciência e a saudade, quando cozidas no fogo do amor, podem resultar em uma doçura eterna.